ARTE, ARTESANATO e LENDAS DAS ETNIAS

Lendas Indígenas, Cabocla e Eremita do meu Paraná

Nesta série, em pesquisas bibliográficas paranaenses e também sob minha interpretação artística local, ilustro com minhas pinturas e descrevo com minhas palavras, conforme tradição oral, algumas lendas indígenas e cabocla do Paraná.

 A inspiração se formata nas matryoszkas e babuszkas, onde os personagens tomam sua forma com batismo em nomes eslavos, uma mescla das culturas que colonizaram o Estado do Paraná com os indígenas e caboclos que aqui estavam com os imigrantes, dos quais respeito muito em nossa cultura.

1a. LENDA DAS CATARATAS DO IGUAÇU
NAIPI E TAROBÁ
"Naipiowska z Tarobanskyj"
Acrílica s/tela 60 x 40 cm.

"Naipiowska"
Acrílica s/tela 50 x 40 cm.
(Acervo do Castelinho do Alto da Bronze-Porto Alegre-RS-Brasil)

Conta-se que os índios Caigangues, habitantes das margens do Rio Iguaçu, acreditavam que o seu mundo era governado por M'Boy, um deus que tinha a forma de serpente e era filho de Tupã.
Igobi, o cacique dessa tribo, tinha uma filha chamada Naipi, tão linda que as águas do rio paravam quando a jovem nelas se contemplava.
Devido a sua beleza, Naipi era consagrada ao deus M'Boy, passando a viver somente para o seu culto. Havia, porém, entre os Caigangues, um jovem guerreiro chamado Tarobá que, ao ver Naipi, por ela se apaixonou.
No dia da festa de consagração da bela índia para com M’Boy, enquanto o cacique e o pajé bebiam cauim (bebida feita de milho fermentado) e os guerreiros dançavam, Tarobá aproveitou para fugir com a linda Naipi numa canoa rio abaixo, arrastada pela correnteza.
Quando M'Boy percebeu a fuga de Naipi e Tarobá, ficou furioso. Penetrou então as entranhas da terra e, retorcendo o seu corpo, produziu uma enorme fenda, onde se formou a gigantesca catarata.
Envolvidos pelas águas, a canoa e os fugitivos caíram de grande altura, desaparecendo para sempre.
Diz a lenda que Naipi foi transformada em uma das rochas centrais das cataratas, perpetuamente fustigada pelas águas revoltas e Tarobá foi convertido em uma palmeira situada à beira de um abismo, inclinada sobre a garganta do rio.
Debaixo dessa palmeira acha-se a entrada de uma gruta sob a Garganta do Diabo onde o monstro vingativo vigia eternamente as duas vítimas. 

2a. LENDA DAS CATARATAS DO IGUAÇU
JACIRA 
"Jacirowska"
Acrílica s/ tela - 60 x 40 cm.
Certo dia, quando o deus Mbá morreu, a índia Jacira que recebera o título de deusa da Lua, chorando muito, sentou-se sobre uma grande rocha a beira de um escuro abismo de onde escorria um simples filete de água.

Ali, Jacira, passou dias, meses e muitas luas (anos em linguagem indígena) sentada chorando a partida de Mbá.

Este singelo filete d’água foi aumentando com suas lágrimas cada vez mais com o passar do tempo, até se transformar em fervorosas cascatas.

E assim, das lágrimas de Jacira nasceram as Cataratas do Iguaçu.

E dizem que se você apurar os ouvidos escutará uma voz vinda do murmúrio das águas chamando:


– Mbá, Mbá, Mbá...

LENDA DE VILA VELHA - PARANÁ
ARACÊ PORANGA e DHUI
"Aracê Porangowska"
Acrilica s/tela - 60 x 40 cm.


Segundo a lenda, Vila Velha, ou Itacueretaba ("cidade perdida de pedra") esse recanto foi escolhido pelos primitivos habitantes para ser o Abaretama, "terra dos homens", onde esconderiam o precioso tesouro "itainhareru".
Tendo a proteção de Tupã, era cuidadosamente vigiado pelos apiabas, varões escolhidos entre os melhores homens de todas as tribos. Os apiabas desfrutavam de todas as regalias, porém era-lhes vedado o contato com as mulheres, mesmo de suas próprias tribos. A tradição dizia que as mulheres, estando de posse do segredo do Abaretama, revelariam aos quatro ventos e, chegada a notícia aos ouvidos do inimigo, estes tomariam o tesouro para si.

 Dhui fora escolhido para chefe supremo dos apiabas. Entretanto, não desejava seguir aquele destino. Seu sangue se achava perturbado pelo fascínio feminino. As tribos rivais, ao terem conhecimento do fato, escolheram Aracê Poranga, a mais bela, para tentar o jovem guerreiro e tomar-lhe o coração para conseguir o segredo do tesouro.

Não foi difícil Aracê se apaixonar completamente por Dhui. Numa tarde primaveril, Aracê veio ao encontro de Dhui trazendo uma taça de "uirucuri", o licor de butias, para embebedar Dhui. No entanto, o amor já se assenhorava de sua razão e ela também tomou o licor, ficando ambos entrelaçados sob a sombra do Ipê amarelo.
Tupã vingou-se, desencadeando um terremoto que abalou toda a planície. Abaretama, completamente destruída, tornou-se pedra. O tesouro de ouro fundiu-se e liquidificou-se, transformando-se na Lagoa Dourada.
Os dois amantes, castigados, foram petrificados um ao lado do outro. Junto a eles ficou a taça, igualmente petrificada. E foi assim que Abaretama se tornou Itacueretaba, ou seja, Vila Velha.


LENDA DAS ENCANTADAS 
 ILHA DO MEL - PR
"Syreny Miód"
Acrílica s/tela - 60x40 cm.

Contam os Caigangues do Paraná, que há muito tempo atrás, na Praia das Conchas, ao sul da Ilha do Mel, na gruta das Encantadas, viviam lindas mulheres que bailavam e cantavam ao nascer do Sol e ao crepúsculo. Dizem que o canto delas era inebriante, dormente e perigoso para qualquer mortal. Se um pescador as escutasse, por certo perderia o rumo de sua embarcação, indo bater nas rochas e naufragar.

Entretanto, certa vez, um índio corajoso e destemido aventurou-se a tentar se aproximar delas. Colocou-se à espreita no alto do rochedo.

Quando os primeiros raios multicoloridos de luz despontavam ao leste, o jovem começou a ouvir a suave e doce melodia proveniente do interior da gruta. E mulheres nuas, desenhadas de sombras, foram surgindo.
À medida que as bailarinas alcançavam a boca da gruta, o canto tomava mais ênfase e mais intensidade:

"Cagmá, iengvê, oanan eiô ohó iá, engô que tin, in fimbré ixan an ióngóngue, iamá que nô ô caicó, katô nô ó eká maingvê..."
 
Queriam dizer:  " Passe com cuidado a ponte. Viva bem com os outros; assim como eles vivem bem, você também poderá viver. Lá você verá muita coisa que já viu aqui em minha terra, assim como o gavião. Teus parentes hão de vir te encontrar na ponte e te levarão com eles para tua morada”.

Estranhamente o índio não adormeceu, justo o contrário, não desgrudou o olho do belo ritual. As misteriosas moças eram dotadas de tão rara beleza, nuas e com longos cabelos de verdes algas, que o intruso acabou fascinado por uma das dançarinas, a que tinha os olhos cor de esmeralda.

Tal era o seu fascínio, que despencou do rochedo, ganhou aos trambolhões a prainha, metendo-se de permeio na dança, acabando de mãos dadas com a sua escolhida.

Declarou-se apaixonado por ela, e confiou-lhe o seu desejo de permanecer ao seu lado por toda a eternidade.

Por artes de Anhangã, a bailarina falou-lhe na língua que era a sua:

- Tens de partir, homem estranho! Gosto de ti, mas tens de partir!

- Nunca! Nunca arredarei os pés de perto de ti, meu amor! Roga ao teu deus que me permita gozar de teu carinho e da tua eterna companhia.

- Para que vivas comigo é necessário que morras.

- Morrerei, se isto é preciso.

- Vem então, meu doce amor. A fonte da vida nos chama... partamos.

Mãos entrelaçadas, ao canto fúnebre das dançarinas, os jovens entraram na água e quando desapareceram, já o sol era vitorioso.
As encantadas sumiram nas profundezas, para nunca aparecer. E, desde então, a gruta está solitária, e nela ecoam e se quebram os ecos dolentes e eternos do mar.


LENDA DAS ARAUCÁRIAS 
Acrílica s/tela - 60x40 cm.

Haviam duas tribos inimigas de índios paranaenses. Certo dia o índio caçador de uma das tribos foi à caça e deparou-se com uma onça em seu caminho, onde ali também estava uma bela jovem da tribo rival. Seus olhares se encontraram e o índio caçador apaixonou-se imediatamente pela beleza exótica da moça.  

Temendo que a onça fizesse mal à linda índia, ele se aproximou e matou o felino, fazendo com que a bela índia se assustasse e caísse em desmaio.   

Os índios da tribo inimiga a qual pertencia a moça encontraram os dois ali, entre a mata, o índio à beira do rio com sua amada nos braços.
Sem entenderem o que havia acontecido, interpretaram com maldade a cena que viram e o mataram a flechadas.

Ele morreu cheio de flechas pelo corpo...

Conta a lenda que ele se transformou numa altiva Araucária e a índia em seu colo, como prova de amor, numa bela gralha azul, as gotas de sangue que pingaram e escorriam pelo seu corpo se transformando em tronco eram os pinhões que a gralha azul enterra e as flechas atiradas pelos inimigos formaram os espinhos.

Do amor que surgiu, formou-se o bioma do nascimento das Araucárias.


LENDA DA GRALHA AZUL 
NIEBIESKI
Lenda da Gralha Azul
Acrílica s/tela - 60 x 40 cm

A gralha azul, ave símbolo do Estado do Paraná é um Corvídeo (família dos corvos), mas nos conta a lenda que ela era toda preta, como a maioria de sua espécie, e vivia muito triste pelos pinheirais e implorava a Deus muito humildemente: - “Senhor, sei que nada valho, nada sou. Não faço nada, além grasnar e de estragar as plantações. Gostaria de ser útil de alguma forma”.

Um velho pinheiro que por ali vivia e ouvindo de galhos abertos perguntou a gralha: -“Porque você é tão triste?”, e ela lhe respondeu: -“Sou feia, queria ter a cor do céu”.
 Então voe até o céu, busque junto a Deus a cor do céu e a sua vocação, respondeu o Pinheiro.

A gralha feliz com a resposta voou muito alto, mas tão alto, que lá no céu o Criador ouviu seu pedido e lamentação e entregou-lhe um pinhão. A ave prendeu-o fortemente no bico e começou a voar mais baixo, voltando para os pinheirais onde iniciou a martelar o pinhão contra um galho, até afrouxar a casca, cortando-o pela metade, comendo a parte mais bojuda e depositando o resto na terra.  E assim continuou a gralha com a semente que Deus lhe deu e com todas as outras, cobrindo o Paraná de pinheirais.

Querendo premiar o trabalho da esforçada ave, Deus cobriu-a com uma plumagem da mesma cor de seu manto celestial, e foi neste momento em que a pequena ave olhou seu corpo e observou que estava toda azul, somente ao redor da cabeça onde não conseguia enxergar, continuou preta.


  Assim a gralha tornou-se azul, descobriu o seu desígnio e seu canto passou a ser um verdadeiro alarido de felicidade.

LENDA DE MARINGÁ
LENDA DA CABOCLA MARIA DO INGÁ

Cabocla Maria do Ingá
Acrílica s/tela - 50 x 50 cm

Das secas que assolaram a costa nordestina brasileira no século XX, a de 1932 foi a mais causticante segundo autores que escreveram sobre esse fenômeno.

De lá surge à lenda do nome da cidade Canção, no noroeste paranaense. 

A história de Maria do Ingá, uma bela cabocla, queimada do sol, dona de uma beleza encantadora, de corpo bem feito, pele morena, olhos mel e cabelos negros presos em uma rosa. Maria era cabocla trabalhadeira e morava num pequeno vilarejo da cidade de Pombal, interior da Paraíba, numa ruazinha coberta por ingazeiros. Quando passava para labutar, fascinava a todos inspirando ardentes paixões. 
Devido à grande seca nordestina, Maria do Ingá tornou-se retirante e partiu.

Surgiu então à canção com o nome de "Maringá", dando origem a Canção "Maringá, Maringá”, que por volta de 1935, estourava nas paradas de sucesso.
Maringá oriunda da combinação de palavras dos nomes Maria e Ingá, do compositor Joubert de Carvalho, importante personagem da Música Popular Brasileira (1900-1977) que em homenagem, retratou muito bem a linda cabocla.

Geralmente o povoado que surgia ganhava o nome do rio, córrego ou ribeirão daquela localidade, e foi o que aconteceu. O Ribeirão Maringá deu nome a esta importante cidade do noroeste paranaense. O nome Maringá tornou-se muito popular e popularizou a muitos, até crianças foram registradas com o nome de Maringá.


LENDA DO MORRO DO BREJATUBA
LITORAL DO PARANÁ

Lenda do Morro do Brejatuba
Brejatubski
Acrílica s/tea 60 x 40 cm

Itacunhatã era o nome indígena da rocha que forma o morro do Brejatuba, localizado em Guaratuba, como conhecemos hoje, no litoral paranaense.

Conta-se que há muito tempo, os índios tinguis, que habitavam o planalto, desceram ao litoral para a estação de pesca da tainha e de camarões, e nesta mesma tribo veio com eles o jovem Itacunhatã, um bravo guerreiro.

No litoral, os tinguis visitaram a tribo dos Carijós, onde o bravo Itacunhatã conheceu a bela Juracê, filha do cacique carijó.

O jovem guerreiro inebriou-se de amores por Juracê, mas esta muito esquiva e tímida, não demonstrou seus sentimentos logo de início. Então o bravo itacunhatã, buscou conselhos com um ancião de sua tribo, que lhe disse: “Juracê o ama, mas seus sentimentos são semelhantes às ondas do mar que acariciam as rochas. Quando estas tentam envolvê-las, elas retornam imediatamente ao mar, portanto Itacunhatã, você tem de agarrá-la com força de guerreiro que és”. 

O jovem então resolveu convidar Juracê para um passeio, levando-a ao alto do velho morro. Lá Itacunhatã envolveu Juracê em seus braços e sentia-se vitorioso, porém a bela índia afastou-se e saiu correndo e o jovem guerreiro saiu logo atrás de sua amada.

Quando Itacunhatã conseguiu alcançá-la, parou para admirar sua beleza, e de repente Juracê saltou para trás e foi engolida por uma gigantesca onda.
O jovem índio desesperado pulou em direção de sua amada, mas as ondas recuaram e Itacunhatã caiu entre as pedras do morro.

O mar, triste com o acontecimento, arrependeu-se e trouxe Juracê de volta, como assim sempre o faz, para que um dia ela seja resgatada por Itacunhatã.




LENDA DO CÂNION GUARTELÁ
"GUARDA-TE LÁ, QUE EU CÁ BEM FICO" 
Lenda do Cânion Guartelá
Acrílica s/tela - 60 x 40 cm


Os Campos Gerais do Paraná, durante o século XVII, estavam sendo povoados pela pecuária das primeiras criações portuguesas de bovinos e eqüinos, trazidas por Martin Afonso. Todo o pastoreio situava-se entre os Rios Tibagi e Iapó, onde havia grande fonte de água fresca, pasto, campos e abrigos para os animais contra as intempéries sazonais climáticas.

Conta-se que dois compadres portugueses se apossaram de dois rincões de terras, estabelecendo moradia neste oásis dos campos gerais, e suas propriedades se distanciavam em uma légua, equivalente hoje entre dois e sete km.

Naquela época, os habitantes locais eram os índios caingangues, chamados de coroados pelos portugueses, que durante o verão, praticavam suas tradições e faziam sua caça para sustento de suas famílias, sendo eles os donos da terra, não reconheciam os invasores brancos como proprietários dos ditos rincões e de toda a criação trazida de Portugal, em que os animais eram vistos pelos índios como um bicho qualquer, passível de suas caças e assim os abatiam.

Com receio das invasões indígenas, os compadres sempre se precaviam e num dado momento de caça e correria dos índios, um dos compadres avistando esta aproximação, enviou ao seu vizinho através de um de seus escravos, um bilhete de urgência para avisá-lo e preveni-lo desta manifestação indígena, o tal bilhete continha as seguintes palavras: “Compadre, guarda-te lá, que eu cá bem fico”.
Hoje, conota-se a origem das palavras “Guarda-te lá”, como Guartelá, dando origem ao Parque Estadual do Guartelá e “Bem fico”, como a Fazenda Benfica.

O Parque Estadual do Guartelá é um importante ponto turístico do Município de Tibagi, no Estado do Paraná e a Fazenda Benfica, situa-se na margem esquerda do Rio Tibagi.


UMA DAS LENDAS DO MONGE JOÃO MARIA
Lenda do Monge João Maria
"Jan Marya"
Acrílica s/tela - 60 x 40 cm

No final do século XIX surgiu no interior do Paraná uma figura envolta em mistérios, conhecida pela população como monge ou profeta. Na realidade foram três os monges que freqüentaram a região, sendo a eles atribuídos milagres, curas, prodígios, profecias e punições.

Entre as diversas lendas que envolvem estas figuras, encontra-se a do Monge João Maria, conhecido como profeta e andarilho, pois andava por todo o Paraná.  Conta-se que de passagem por um município às margens do rio Iguaçu, avistou um olho d´água e após beber um pouco, o benzeu como agradecimento. Diz a lenda que até hoje este pequeno olho d’água é visitado por muitas pessoas e devotos, sendo que muitas crianças já foram batizadas naquelas águas, comprovando a fé que o povo possuía no monge.

Então querendo o profeta atravessar para outra margem do grande Iguaçu, pediu ao balseiro para que o transportasse, este vendo aquela figura eremita de aspecto torpe, barbudo, de calças arregaçadas, touca de pele sobre a cabeça, calçando chinelos e acenando para atravessar o rio gritou: “Não vou desamarrar a balsa por conta de um velho bêbado!”
Surpreendido, o balseiro espantou-se ao ver o monge jogar seu lenço sobre as águas do Iguaçu, atravessando-o magicamente e chegando a outra margem inteiramente seco.

O balseiro perplexo questionou o profeta sobre como havia atravessado o rio daquela forma, o eremita então respondeu lançando uma profecia: “Como a balsa do rio, assim ficaria a cidade. Parada, balançando ao gosto das águas”.



LENDA DO RIO IVAÍ
ÍNDIA YVAÍ
Lenda do Rio Ivaí
Acrílica s/tela - 60 x 40 cm

No final do século XIX surgiu no interior do Paraná uma figura envolta em mistérios, conhecida pela população como monge ou profeta. Na realidade foram três os monges que freqüentaram a região, sendo a eles atribuídos milagres, curas, prodígios, profecias e punições.

Entre as diversas lendas que envolvem estas figuras, encontra-se a do Monge João Maria, conhecido como profeta e andarilho, pois andava por todo o Paraná.  Conta-se que de passagem por um município às margens do rio Iguaçu, avistou um olho d´água e após beber um pouco, o benzeu como agradecimento. Diz a lenda que até hoje este pequeno olho d’água é visitado por muitas pessoas e devotos, sendo que muitas crianças já foram batizadas naquelas águas, comprovando a fé que o povo possuía no monge.

Então querendo o profeta atravessar para outra margem do grande Iguaçu, pediu ao balseiro para que o transportasse, este vendo aquela figura eremita de aspecto torpe, barbudo, de calças arregaçadas, touca de pele sobre a cabeça, calçando chinelos e acenando para atravessar o rio gritou: “Não vou desamarrar a balsa por conta de um velho bêbado!”
Surpreendido, o balseiro espantou-se ao ver o monge jogar seu lenço sobre as águas do Iguaçu, atravessando-o magicamente e chegando a outra margem inteiramente seco.

O balseiro perplexo questionou o profeta sobre como havia atravessado o rio daquela forma, o eremita então respondeu lançando uma profecia: “Como a balsa do rio, assim ficaria a cidade. Parada, balançando ao gosto das águas”.



LENDA DO VÉU DA NOIVA
ÍNDIA PINGO D'ÁGUA - KROPLA WODY
Lenda do Véu da Noiva
Índia Pingo D'Água
Acrílica s/tela - 60 x 40 cm
   
O cacique de sua aldeia, pai da índia Pingo d’Água disse a sua bela filha que ela estava prometida a Pucaerin, um bravo caçador. Surpreendida pela notícia, a jovem disse ao seu pai que não amava o valente caçador e sim Itaerê, e lhe suplicou que não a forçasse a se casar. O velho cacique estava decidido, pois tal união era conveniente para a paz entre as tribos.
Inconformada, Pingo d’Água saiu caminhando pela noite e implorando a Tupã que impedisse seu triste destino, pois amava Itaerê.

No entanto, os festejos para o casamento prosseguiram e a bela índia estava cada vez mais angustiada e ansiava por seu amado aparecer para ambos fugirem e cruzarem juntos a serra do Mar chegando ao planalto dos Pinheirais. Mas Itaerê não apareceu.

O grande chefe iniciou a celebração, ordenando que trouxessem a bela noiva, porém com a demora, avisaram ao cacique que Pingo d’Água não se encontrava na oca, imediatamente, todos saíram a sua procura, pois desconfiavam que Itaerê tivesse fugido com ela.
 A tribo seguiu o rastro da jovem índia, até próximo a cachoeira, onde as águas caíam de grande altura, mas Pingo d’Água não apareceu mais.

 Alguns dias depois, um pequeno curumim correu avisar sua tribo que havia um corpo boiando próximo as rochas em que as águas da cachoeira caíam. Era a bela índia Pingo d’Água, que escorregara lentamente e seus longos cabelos negros foram levados pelas águas, se abriram enroscando-se entre pedras e galhos fazendo com que a jovem morresse pelo amor de Itaerê. Assim, a exuberante cachoeira na Serra do Mar passou a ser chamada e conhecida como Véu da Noiva.






7 comentários: